Gala do Cante abre o último fim de semana da bienal cultural Monsaraz Museu Aberto

O último fim de semana da bienal cultural Monsaraz Museu Aberto, uma organização do Município de Reguengos de Monsaraz que decorre na vila medieval de Monsaraz com um programa dedicado ao Cante alentejano, ao Fado e ao Património, terá na sexta-feira, dia 27 de julho, pelas 22h, a Gala do Cante. Este espetáculo de Cante e Fado em homenagem a Alberto Janes e Manuel Conde decorre no Largo D. Nuno Álvares Pereira e vai ser gravado para transmissão na noite de 4 de agosto na RTP1. A Gala do Cante terá atuações de Cuca Roseta, António Zambujo, Mário Moita e Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, mas também haverá poesia com Manuel Sérgio, acompanhado à viola por José Manuel Farinha.
A assistir ao espetáculo vai estar António José Seguro, Secretário-geral do PS e Conselheiro de Estado. Na sequência do convite da autarquia a todos os líderes partidários no âmbito da bienal cultural, António José Seguro vai ser recebido pelas 17h15 no Salão Nobre dos Paços do Concelho, seguindo-se uma visita à CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz e ao Centro Oleiro de S. Pedro do Corval, o maior do país com 22 olarias em atividade. Às 19h30 o Secretário-geral do PS vai visitar a vila medieval de Monsaraz e as exposições patentes no Monsaraz Museu Aberto.
Esta bienal cultural teve início no dia 13 de julho e está a celebrar a recente escolha do Fado como Património Cultural Imaterial da UNESCO, pretendendo também expressar a importância cultural, social e histórica do Cante alentejano enquanto merecedor de igual estatuto. O Monsaraz Museu Aberto teve a sua primeira edição em 1986 e realiza-se com periodicidade bienal desde 1998.
No sábado, dia 28 de julho, às 22h, sobe ao palco Jorge Roque & Projeto Madrugada, que vai apresentar no Largo D. Nuno Álvares Pereira um espetáculo único em que a fusão entre a sonoridade jazz/pop do grupo se junta ao Fado e ao Cante alentejano. Jorge Roque, que está a preparar o seu primeiro trabalho discográfico a solo, vai ter a participação neste concerto de três músicos de Reguengos de Monsaraz, nomeadamente Kajó Soares (saxofone), Herlander Medinas (baixo elétrico e contrabaixo) e Luís Lopes (clarinete).
A 20ª edição do Monsaraz Museu Aberto vai fechar no domingo com a atuação da fadista Maria Ana Bobone, pelas 22h, na Igreja de Nossa Senhora da Lagoa. Esta voz da nova geração do fado vai apresentar o seu quarto trabalho discográfico intitulado “Fado & Piano”, que pode ser considerado uma celebração do Fado como património mundial. Neste disco, Maria Ana Bobone, para além de cantar acompanha-se a si própria ao piano, faz todos os arranjos, compõe temas originais, assina pela primeira vez algumas letras e liderou a conceção do projeto.
A bienal cultural vai proporcionar observações astronómicas no dia 28 de julho a partir da meia-noite. O Grande Lago Alqueva é o primeiro destino no mundo a obter a certificação Starlight Tourism Destination atribuída pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo.
O Monsaraz Museu Aberto tem exposições patentes todos os dias do festival. No Museu do Fresco está a exposição “Monsaraz na História”, em que o Município de Reguengos de Monsaraz pretende mostrar alguns acontecimentos da história de Monsaraz que permaneceram desconhecidos. Ao longo de cinco séculos, desde a Idade Média até meados do século XIX, factos como a instituição da Misericórdia, o Celeiro Comum, a lenda dos dotes de casamento, o texto da aclamação de D. João IV, entre outros, são apresentados ao público através de documentos, ilustrações, fotografias e textos explicativos.
A Art Brut do pintor-escultor italiano Moss pode ser apreciada no Jardim da Universidade. A exposição de escultura “Totens” apresenta estátuas, faces de ilhas longínquas, da Páscoa, da Papuásia ou tribos de homens nus em totem-tríptico.
Na Casa Monsaraz está patente o ateliê de trabalho ao vivo “Oficina da Terra”. Tiago Cabeça e Magda Ventura iniciaram a sua atividade em 1998 na Olaria Guimarães Velho, em S. Pedro do Corval, maior centro oleiro do país, tendo depois decidido dedicar-se ao projeto Aldeia da Terra, um jardim de esculturas localizado em Arraiolos e classificado de Interesse Cultural pelo Ministério da Cultura. Composta por milhares de pequenas esculturas em terracota, a Aldeia da Terra localiza-se numa área de três mil metros quadrados a céu aberto e está em permanente crescimento.
“Sementes do Universo”, assim se intitula o ateliê de pintura que Alice Alves está a apresentar na Igreja de Santiago. A natureza que temos de proteger é a sua fonte contínua de inspiração e o seu objetivo é que as pessoas que veem as suas obras reflitam sobre a existência e a exigência da vida, da natureza e dos seres vivos.
Sarah FitzSimons e José Carlos Teixeira apresentam fotografia e vídeo provenientes de projetos recentes, cujos conceitos em comum são a relação do corpo com a arquitetura (tanto física como psicologicamente) e a relação da arquitetura com o lugar. Para Sarah FitzSimons, lugar enquanto espaço natural, geográfico e geológico, e para José Carlos Teixeira enquanto espaço urbano, político e histórico. Reunidos pela primeira vez em colaboração artística, o seu objetivo é também dialogar com a arquitetura específica e a carga histórica da Casa da Inquisição, que acolhe esta exposição. Os trabalhos que podem ser apreciados nesta mostra intitulada “Ponto e Coordenada” são “House for MandØ”, em que Sarah FitzSimons desenha com tubos de alumínio uma casa a três dimensões, em escala real, implantando-a numa planície de maré no Mar de Wadden (Dinamarca), e “Being Other (a new community)” que consiste num vídeo desenvolvido por José Carlos Teixeira e um grupo de colaboradores na Bienal de Kaunas 09 (Lituânia).
Na Torre de Menagem está patente a exposição de fotografia “Gentes de Monsaraz”, elaborada a partir de fotografias cedidas por diversas famílias da freguesia de Monsaraz e do espólio do Arquivo Municipal de Reguengos de Monsaraz. Através destas imagens pode-se percorrer décadas da história de Monsaraz e da sua memória coletiva, relembrando as gentes e os ofícios, alguns momentos importantes e a transformação dos lugares, dos costumes, da sociedade e da vila de uma forma global.
A Casa Lagareiro recebe duas exposições de tauromaquia. “Mestre Batista – Uma vida, um património” reúne o espólio do cavaleiro tauromáquico que nasceu em S. Marcos do Campo, freguesia do concelho de Reguengos de Monsaraz e que conquistou os aficionados pela sua forma ousada de lidar os toiros. Rapidamente começou a lidar junto de grandes nomes da tauromaquia, tendo toureado em Portugal, Angola, Moçambique, Macau, Espanha e França. Ganhou três vezes o prémio “Bordalo” na categoria de tauromaquia como “melhor cavaleiro”, em 1963, 1964 e 1971.
A outra mostra patente na Casa Lagareiro é de Lucia Parra e intitula-se “Tauromaquia”. A exposição é composta por quadros a óleo e desenhos de momentos que se vivem numa corrida de toiros. A pintora espanhola tem explorado nos últimos anos a pintura taurina, um gosto enraizado na sua família materna e na sua localidade de nascimento, Villanueva del Fresno.
Uma viagem pelas paisagens, costumes e tradições de Monsaraz é a proposta que pode ser apreciada na Rua Direita. Trata-se de uma projeção de imagens que transporta os espetadores por recantos novos e antigos que caraterizam as vivências e estados de alma dos habitantes de Monsaraz.