Aviação: Adiamento na operação de voos no aeroporto de Beja é um “duro golpe”
O adiamento do início da operação de voos no aeroporto de Beja para março de 2011 é “mais um duro golpe” para a região, afirmou hoje um representante empresarial do Baixo Alentejo, referindo que já existem empresários a desmobilizar.
“Para muita gente, vai ser mais um duro golpe, porque responsáveis foram dizendo que já podiam ter aterrado aviões ou que muito em breve aterrariam”, disse à Lusa o vice-presidente da Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral (AEBAL), João Paulo Ramôa.
“As pessoas vão tendo dados contraditórios, que, em termos empresariais, são terríveis”, lamentou o empresário, que é também presidente da concelhia de Beja do PSD.
Segundo João Paulo Ramôa, a ANA – Aeroportos de Portugal tem que dizer, “preto no branco, com verdade”, quanto tempo a pista do aeroporto de Beja vai demorar a ficar funcional, para que os empresários “ganhem confiança no projeto”.
O projeto, acrescentou, “já está a desmobilizar as pessoas, as vontades, e é mau começar assim”.
A operação de voos charters no aeroporto de Beja deverá começar a partir de março de 2011, admitiu à Lusa o diretor de estratégia e marketing aeroportuário da ANA, Leonel Horta Ribeiro.
No entanto, frisou, a instalação de indústrias aeronáuticas poderá avançar “logo que a ANA tenha legalmente condições” para assinar contratos, ou seja, quando o aeroporto de Beja for “formalmente” transferido pelo Estado para a concessão da empresa.
“Acho o prazo perfeitamente natural”, disse João Paulo Ramôa, lembrando que “muitas vezes” alertou para a questão da certificação da pista e “toda a gente ia assobiando para o ar como se fosse uma coisa simples, mas não é”.
“O que não é natural é só agora se começar a tratar da certificação”, disse, referindo que “pouco mais há a fazer do que tentar acelerar o processo” para que o “comboio entre nos eixos”.
“Já é demais”, afirmou João Paulo Ramôa.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Beja, Jorge Pulido Valente, disse que “não haverá condições” para que a operação de voos comece antes do prazo previsto pela ANA, porque, “lamentavelmente”, “não temos procura de voos que justifique, neste momento, ter o aeroporto a funcionar”.
O autarca do PS considerou também “um pouco incompreensível que as questões relativas à certificação só se estejam agora a resolver”.
“Há aspetos que deveriam estar resolvidos há mais tempo” para “um trabalho mais sustentado” na captação de empresas, considerou Jorge Pulido Valente.
“Já que não se fez , ntes que se faça agora rapidamente”, defendeu, frisando que “a fixação de empresas ligadas à indústria aeronáutica é o setor que tem mais viabilidade a curto prazo e que trará uma dinâmica económica e de fixação de população importante”.
João Paulo Ramôa disse também já ter pedido à ANA para apresentar a calendarização dos trabalhos necessários para a certificação da pista.
“Só a partir daí, os empresários, que precisam de garantias e certezas – que continuam a não ser dadas – podem fazer projetos e prevê-los do ponto de vista empresarial”, defendeu.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben