Beja: Bancada da CDU na Assembleia Municipal abstém-se e viabiliza orçamento da Câmara PS

Beja, 22 mar (Lusa) – A bancada da CDU na Assembleia Municipal de Beja, liderada pelos comunistas, revelou hoje que vai abster-se na votação do orçamento deste ano da Câmara PS, o que irá permitir viabilizar o documento.
“O sentido de voto da CDU na Assembleia Municipal de Beja é de abstenção”, disse o líder da bancada comunista Rodeia Machado, numa conferência de imprensa em Beja.
O anúncio da abstenção da CDU, força com maioria absoluta na Assembleia Municipal de Beja, órgão que reúne hoje à noite para votar o orçamento, surge uma semana após o executivo PS da Câmara ter aprovado o documento com os votos contra da oposição CDU.
“Era importante a abstenção para viabilizar o orçamento”, disse Rodeia Machado, frisando que, desta forma, o executivo da Câmara “não se pode queixar” porque “tem as ferramentas suficientes para desenvolver a atividade”.
“Ao negar o voto”, optando pela abstenção e viabilizando o orçamento, os eleitos da CDU “não quiseram dar a ferramenta indispensável” para que os “pudessem criticar fortemente” por “não estarem ao lado das populações”, disse.
Segundo Rodeia Machado, a bancada da CDU “discorda” do orçamento porque “a percentagem de aumento das verbas a atribuir às juntas de freguesia e ao movimento associativo não acompanha a evolução [cinco por cento] dos montantes atribuídos pelo Estado aos municípios”.
A “falta de um mapa discriminativo das verbas a atribuir a cada junta de freguesia” e a “não aplicação da opção gestionária” de recursos humanos”, para “corrigir injustiças que afetam os trabalhadores do município” que “esperam uma promoção”, são outras razões apontadas para justificar a discordância da CDU.
O executivo PS “tem legitimidade para governar e apresentar um orçamento”, que “não é, naturalmente, o orçamento” da CDU, apesar de “grande parte” das obras incluídas terem sido “lançadas no mandato anterior da CDU”, disse.
Os eleitos da CDU na Assembleia Municipal vão estar “atentos” à “fiscalização atempada do desenvolvimento do orçamento” e “exigir que a Câmara cumpra aquilo que é de lei”, como “os protocolos com as juntas de freguesia”, garantiu Rodeia Machado.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Beja, Jorge Pulido Valente, mostrou-se “satisfeito” com a posição “mais colaborante” da bancada da CDU na Assembleia Municipal.
“Imperou o bom seno e o sentido de responsabilidade, o que não se verificou na posição dos eleitos da CDU na Câmara, que é destrutiva e negativa”, disse.
Confrontado com às razões invocadas pela CDU para discordar do orçamento, Jorge Pulido Valente explicou que “o aumento das verbas a atribuir às juntas de freguesia é maior do que cinco por cento” mas “não se traduz num aumento real” porque “vai ser absorvido pelas dívidas às juntas deixadas pelo anterior mandato da CDU”.
Quanto à “opção gestionária”, o autarca lamentou que “não tenha havido essa preocupação nos mandatos anteriores da CDU” e disse que a Câmara, “dentro das possibilidades”, prevê “resolver as injustiças criadas nos recursos humanos”, como “contratos precários” e “situações de pessoas que aguardam as suas promoções há anos”.
O PS e a CDU elegeram o mesmo número de deputados à Assembleia Municipal de Beja, nove cada, mas, devido às inerências de funções dos presidentes das juntas de freguesia, a CDU tem 19 deputados e o PS 15.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben