Ferreira do Alentejo: População de Fortes revoltada com fumos de unidade que tornam ar “insuportável”

Ferreira do Alentejo, Beja – A população de Fortes (Ferreira do Alentejo) está “revoltada” com fumos provenientes da unidade de transformação de bagaço de azeitona instalada na localidade e que tornam o ar “insuportável”, disse hoje o porta-voz de um grupo de cidadãos.
“O ar tornou-se insuportável, existem pessoas com problemas respiratórios e irritações nos olhos, as casas e as viaturas ficam cobertas por um resíduo oleoso e cinzas e não se pode estender roupa, porque fica a cheirar mal”, disse à Agência Lusa o porta-voz do Grupo de Cidadãos de Fortes, Fernando Pereira.
O “problema”, que “já se verifica há algum tempo”, lamentou, é provocado pelos fumos da unidade de transformação de bagaço de azeitona, que “não está devidamente equipada”.
A unidade, propriedade do grupo Alcides Branco e que só funciona entre os meses de fevereiro e maio, transforma o subproduto constituído por fragmentos de pele, polpa e caroço de azeitona e resultante da produção de azeite em lagares.
Segundo Fernando Pereira, o grupo já “denunciou” o problema à Câmara de Ferreira do Alentejo e ao Ministério do Ambiente e “reclama” que “a fábrica seja equipada com um sistema de tratamento de fumos” para “evitar prejudicar a vida dos habitantes” de Fortes.
Contactado hoje pela Lusa, o administrador do grupo Alcides Branco, Nuno Branco, escusou-se a reagir às denúncias.
Para continuar a “denunciar o problema”, o grupo vai pedir audiências a todos os partidos representados na Assembleia da República e aos quais irão entregar um abaixo-assinado que circula na localidade.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Ferreira do Alentejo, Aníbal Costa, mostrou-se “solidário” com a população de Fortes, frisando que “a situação é realmente desagradável”.
“Aparentemente, a unidade não está a cumprir normas ambientais previstas na lei”, disse, explicando que a Câmara “não é responsável pelo licenciamento industrial, nem pela fiscalização do cumprimento das normas ambientais”.
“Se fosse, o problema já estaria resolvido”, afirmou, referindo que a Câmara já comunicou a situação aos ministérios do Ambiente e da Economia.
“Até agora, a Câmara ainda não obteve resposta e estranho que ainda não se tenha atuado”, disse o autarca socialista.
Segundo Aníbal Costa, é “fundamental” para o concelho de Ferreira do Alentejo que a unidade continue a funcionar em Fortes, “mas desde que cumpra as normas ambientais previstas na lei e não prejudique a população”.
LL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben