Instituições de Ensino Superior juntam-se na UÉvora para pensar a educação com IA
A Universidade de Évora recebeu hoje, no Colégio do Espírito Santo, o XIII Encontro de
Instituições e Unidades de eLearning do Ensino Superior (eL@IES 2025), uma iniciativa
conjunta do Laboratório de Educação a Distância e eLearning da Universidade Aberta
(LE@D-UAb), da Universidade de Évora (UÉVORA) e do Politécnico do Porto (P.Porto).
Realizado em formato híbrido, o encontro reuniu especialistas, docentes, técnicos e
investigadores de instituições de ensino superior portuguesas para refletir sobre
“Formação Pedagógica para a Docência no Ensino Superior com IA”.
Na sessão de abertura, Ana Paula Canavarro, Vice-Reitora para a Educação e Inovação
Pedagógica da Universidade de Évora, destacou a importância estratégica do encontro,
sublinhando que “é com muito entusiasmo que a Universidade de Évora integrou, há dois
anos, a organização conjunta deste evento, numa oportunidade única de parceria com uma
instituição como a Universidade Aberta”. Recordou ainda que a edição de 2026 ficará a cargo
do Porto, numa lógica de continuidade colaborativa “que coloca as instituições em diálogo e
representa uma vantagem acrescida de aprendermos uns com os outros”.
Referindo-se ao tema central desta edição, Ana Paula Canavarro considerou-o “incontornável
e mobilizador nos tempos que correm, ao alcance de todos, o que coloca imensos desafios”.
Realçou igualmente que a Universidade de Évora tem, neste momento, um Referencial
Comum de Orientações para o Uso da IA no Ensino, Aprendizagem e Avaliação em discussão
pública para possível implementação. De destacar, que foi há precisamente um mês, que a
Universidade de Évora apresentou publicamente a sua Estratégia Institucional para o Uso da
Inteligência Artificial, na qual Ana Paula Canavarro defendia que a Universidade de Évora adota
uma abordagem colaborativa e responsável no uso da inteligência artificial.
Para António Teixeira, Coordenador Científico do LE@D – Universidade Aberta, o eL@IES
configura um espaço único de partilha e construção coletiva, referindo que “a estrutura do
encontro permite uma participação massiva das instituições de ensino superior portuguesas.
Este encontro representa um espaço de comunicação, de partilha e de transferência de
conhecimento, que reúne investigadores e docentes, resultados de investigação e experiências
profissionais. Esta comunhão entre conhecimento e prática dá sentido a este encontro.”
Mário Cruz, Diretor do Centro de Inovação Pedagógica do P.PORTO, chamou a atenção para os
desafios profundos que a IA coloca ao ensino superior. “Já não falamos de ferramentas, mas
de uma infraestrutura cognitiva que marca presença no nosso quotidiano. O primeiro desafio é
reconhecer que a IA não é neutra e que nos impacta muitas vezes sem espírito crítico.”
Sublinhou ainda que “o segundo desafio passa pela reconfiguração do papel de docente, e o
terceiro relaciona-se com a formação de docentes e as políticas educativas”. Para Mário Cruz,
“cada vez mais temos de atuar como curadores de experiências e, para isso, importa a partilha
de práticas, a reflexão e o debate. Que inteligências queremos cultivar? É sobre isso que
escolhemos pensar hoje, tendo em conta a justiça cognitiva, a integridade académica e a
dignidade humana.”
O encontro abriu com a conferência “La Inteligencia Artificial en la Educación Online: Riesgos y
Oportunidades”, apresentada por Antonio García-Cabot (Universidad de Alcalá), lançando uma
manhã marcada por debate, networking e reflexão crítica, à qual se seguiu um primeiro painel
dedicado à transformação da docência com IA, onde Nuno Ricardo Oliveira (ISEC Lisboa / Nova
SBE), Rogério Costa (Politécnico de Leiria) e Helena Baptista Alves (Universidade da Beira
Interior) discutiram capacitação docente, práticas pedagógicas inovadoras e ferramentas de
apoio à aprendizagem. Ainda durante a manhã, a sessão “Do Giz ao Algoritmo: o futuro da
educação inteligente”, dinamizada pela equipa FCCN (FCT), ampliou o olhar sobre as
tendências emergentes do ecossistema digital educativo. A tarde prosseguiu com um
programa igualmente rico, iniciando-se por um painel que explorou a aprendizagem em modo
multiplayer, dos chatbots à gamificação e ao papel central da criatividade, com contributos de
Ricardo Queirós, Erika Ribeiro e Luís Coelho (P.PORTO). O encerramento coube ao terceiro
painel, focado na avaliação digital em tempos de IA generativa, onde Inés Gil Jaurena (UNED),
Maria João Manatos (A3ES) e Lúcia Amante (UAb) refletiram sobre qualidade, desafios éticos e
novos modelos de avaliação, sublinhando a amplitude e profundidade de um programa que
cruzou investigação, prática e visão estratégica.
A jornada encerrou com a Mesa Redonda “IA e Educação Digital: um novo perfil de docente?”,
que reuniu especialistas de várias instituições para discutir o impacto da inteligência artificial
no papel e nas competências do futuro corpo docente.
Criado em 2011, o eL@IES afirma-se como um espaço anual de encontro e reflexão,
promovendo a colaboração interinstitucional e o desenvolvimento de práticas inovadoras em
eLearning. O evento contou com o apoio da FCCN – Serviços Digitais da Fundação para a
Ciência e a Tecnologia.

