Portalegre: Um Hospital esquecido

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Comunicado: Juventude Popular

A situação a que chegou o Hospital Dr. José Maria Grande – hospital da capital de
distrito, Portalegre, e principal unidade de saúde da região – é o espelho do abandono ao
interior de Portugal.
É clara a falta de preocupação de sucessivos governos por quem vive afastado dos
grandes centros urbanos, e ela materializou-se na falta de condições do Hospital de
Portalegre e na consequente incapacidade em responder às necessidades de uma
população que, não o parecendo aos olhos de quem habita a capital, é tão Portuguesa
quanto quem vive no litoral.
Foi há uns dias noticiado pela comunicação social – regional e nacional – o estado do
piso do serviço de Ortopedia, que ameaça desintegrar-se completamente. Infelizmente
não é caso único. Como se de uma visita se tratasse, enumeraremos alguns dos mais
sérios problemas que o nosso Hospital atravessa, para utentes e funcionários.
A viagem começa depois de estacionar num parque que está num estado lamentável, por
onde entramos por um acesso a consultas externas onde falta segurança para
ambulâncias e utentes, ou pelo átrio principal que não apresenta condições para a
passagem de macas. Atravessamos uma sala de espera da urgência sem espaço, sem
ventilação ou uma sala de espera para consultas externas em que não há climatização.
Até o banco de sangue não tem condições mínimas para os dadores.
O Hospital de Portalegre ainda serve refeições, mas o refeitório não tem espaço de
separação entre utentes, familiares de utentes e funcionários, e, com frequência, os
tempos de espera ultrapassam o razoável.
Quanto aos serviços médicos, muitos são assegurados por empresas externas ou por
médicos internos que no lugar de receberem formação desempenham as funções de um
médico por vencimentos muito inferiores, sem qualquer incentivo à sua permanência na
mesma instituição que tem falta de quadros. A falta de condições do Hospital atinge o
bem-estar dos utentes, mas também de todos os funcionários, com situações como o
acesso não condicionado aos pisos, facilitando contágios, ou como a falta de controlo de
funcionários ao exterior, ocorrências agravadas pelo fraco dispositivo de segurança que
carece de efectivos.
Todas estas situações, que levaram a Distrital de Portalegre da Juventude Popular a
elaborar este comunicado, foram relatados por funcionários e utentes do Hospital de
Portalegre, que procuram soluções para as barreiras que enfrentam quotidianamente,
seja na procura de auxílio, seja na prestação de auxílio a outros. Mais uma vez, como
tem sido apanágio da JP – que já durante o ano de 2019 deixou pública a sua
preocupação com o estado do hospital –, manifestamo-nos contra este país de duas
medidas, exigindo mais e melhor de um Estado que se deveria configurar como pessoa
de bem.

A Comissão Politica Distrital de Portalegre da Juventude Popular