SCUT: Empresários da Extremadura espanhola querem “exceções” nas portagens
A Confederação Regional Empresarial Extremenha (Espanha) alertou hoje que a introdução de portagens nas SCUT vai provocar perda de competitividade das empresas daquela região e das portuguesas, defendendo “exceções” para o transporte de mercadorias entre os dois países.
“Vemos [a introdução de portagens] com ceticismo e receio porque será um incremento nos custos de transporte, logística e distribuição dos produtos”, argumentou à agência Lusa Javier Peinado, da junta diretiva da Confederação Regional Empresarial Extremenha (CREEX).
Esta estrutura da Extremadura, região que faz fronteira com os três distritos alentejanos (Beja, Évora e Portalegre) e com o de Castelo Branco, é formada pela Confederação de Organizações Empresariais da Província de Badajoz (COEBA) e pelas federações empresariais de Cáceres e de Plasencia.
O mesmo responsável da CREEX, que é também vice-presidente da COEBA, vaticinou que o aumento dos custos no fluxo comercial entre Espanha e Portugal vai afetar “os produtos extremenhos que saem pelos portos portugueses”, mas também “as mercadorias que se vendem diretamente” a empresas lusas.
A título de exemplo, Javier Peinado aludiu a produtos agroalimentares da Extremadura como o vinho, azeite, azeitona ou cortiça, que seguem “para o Norte de Portugal”, sobretudo para “a região do Porto”.
Por outro lado, frisou, a introdução de portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) vai também “encarecer as compras e importações que as empresas extremenhas fazem às empresas portuguesas”.
“Todo o fluxo de mercadorias, tanto de uma parte como da outra da raia, vai ser afetado”, resultando num “aumento de custos” penalizador para as empresas: “Perderemos competitividade, tanto as empresas extremenhas, como as portuguesas”.
Por isso, Javier Peinado defendeu que “seria muito importante que as autoridades portuguesas tivessem em conta este encarecimento da logística” e introduzissem “exceções”, no pagamento de portagens nas SCUT, para os transportadores de mercadorias,
A CREEX sugere que estas “exceções” abranjam “tudo o que fosse o menor fluxo de mercadorias que têm um destino concreto, quer as importações que as empresas espanholas fazem às portuguesas, quer as exportações das espanholas” para Portugal.
O mesmo responsável da confederação empresarial da Extremadura lembrou ainda que a fronteira entre Espanha e Portugal “desapareceu há anos”, destacando que o intercâmbio comercial tem vindo a intensificar-se.
“Agora, somos duas comunidades e dois países em que as empresas têm sinergias totais”, com “uma colaboração cada vez mais estreita na venda e compra de produtos, tanto de um lado, como do outro da raia”, disse.
Na semana passada, Governo e oposição não se entenderam quanto ao diploma da introdução de portagens nas SCUT do Norte, tendo a oposição aprovado no Parlamento, na generalidade, a revogação da aplicação do sistema de identificação eletrónica de veículos.
RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben

