Transportes: Rede ferroviária deve apostar mais na fiabilidade do que na velocidade

Views: 4807

comboio2_notA aposta na rede ferroviária para mercadorias deve privilegiar a fiabilidade em vez da velocidade, defende a presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), que considera que as associações “não podem estar na pedinchice do Governo”.

“A principal preocupação [em termos da rede ferroviária] não é velocidade, mas sim a fiabilidade, isto é, conseguirmos garantir que as mercadorias demoram sempre o mesmo número de horas a chegar”, disse a presidente da APOL, Carla Fernandes, em entrevista à agência Lusa.

A presidente da APOL, que representa 24 operadores logísticos que empregam cerca de 20 mil pessoas, defendeu a aposta nos portos portugueses.

“É muito importante valorizar os portos portugueses e eles só conseguem arranjar volume se trabalharmos numa unidade ibérica e isso só fazendo transporte ferroviário de contentores por linhas próprias”, sustentou Carla Fernandes.

“Se se quiser desenvolver o porto de Sines e os outros portos, há necessidade de melhorar a questão ferroviária para que possam servir além da área geográfica em que estão”, acrescentou.

A presidente da APOL recusa, contudo, assumir uma posição sobre determinados assuntos, nomeadamente os investimentos públicos, e defende que as associações “não podem estar na pedinchice do governo” e “têm de procurar oportunidades”.

“Não acho que uma associação deve defender um ponto de vista, acho que não é correto. Posicionamo-nos de uma forma que não queremos estar com reivindicações”, acrescentou.

A presidente da APOL defende que a subcontratação da logística “promove a competitividade do país”, porque ao partilharem recursos de várias entidades os operadores logísticos oferecem um custo mais baixo e isso “valoriza as exportações portuguesas” e permite baixar o preço final dos produtos.

“Se não houver um operador logístico eu tenho de ter um armazém para a minha capacidade máxima, que está desocupado 90 por cento a maior parte do tempo e tenho custos fixos. Se tiver um operador logístico estou a pagar exatamente aquilo que estou a ocupar”, exemplificou.

Apesar de a crise aumentar a procura deste tipo de serviços, a presidente da APLOG diz que a taxa de subcontratação “ainda é muito baixa”, rondando os 20 por cento, quando noutros países europeus ascende aos 40 ou 60 por cento.

“Ainda há muito mercado para conquistar”, disse, apontando a formação e a prestação de um serviço de excelência como as “preocupações” da APOL.

A APOL pretende encontrar uma entidade formadora que, a partir de setembro, dê formação a cerca de cinco mil funcionários dos seus associados.

Também em setembro, a associação espera apresentar o código de boas práticas, que está a elaborar em parceria com a consultora PricewaterhouseCoopers.

CSJ

***Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico***

Lusa/Tudoben

Comments: 0