Turismo: Gastronomia e vinhos do Alentejo, aliados à cultura e património, são mais-valia – especialistas
A gastronomia tradicional do Alentejo, aliada aos vinhos e ao património, pode ser uma mais-valia importante para afirmar a região ao nível turístico nacional e internacional, defenderam hoje, em Évora, especialistas portugueses e estrangeiros.
A mensagem foi transmitida durante a conferência internacional “Gastronomia Mediterrânica: Um Tesouro de Gerações”, realizada, ao longo de todo o dia, naquela cidade alentejana.
À margem dos painéis de discussão, Jean Claude Belanguer, especialista francês na área do vinho e do enoturismo, considerou à Agência Lusa que é “virtuosa” a associação entre vinhos e gastronomia tradicional dos países mediterrânicos.
“É uma união virtuosa” e que confere a países como Portugal, Espanha, Itália ou França “a oportunidade de se posicionarem de uma forma extremamente qualitativa”, face a “outras grandes regiões vinícolas do mundo”.
“Temos a força” de poder “oferecer um destino gastronómico, enoturístico e patrimonial extremamente rico”, argumentou.
Segundo o mesmo especialista, o Alentejo, para desenvolver internacionalmente as suas potencialidades turísticas, deve aliar a oferta em torno dos vinhos e da gastronomia ao turismo cultural e patrimonial.
“É a associação entre a descoberta das vinhas e a descoberta da paisagem, do património e da cultura que permitirá a esta região vinícola suscitar o interesse” dos turistas, oriundos “da Europa e do continente americano”, que procuram estes produtos, sublinhou.
Por seu turno, José Dias Lopes, um dos mais conceituados críticos gastronómicos do Brasil, realçou o potencial da gastronomia mediterrânica que, até no seu país, já está a conquistar o “paladar” num crescente número de restaurantes.
“No Brasil, temos várias cozinhas, com várias linhas, mas há restaurantes, e são cada vez mais numerosos, que se dedicam à cozinha mediterrânica” e “estão a ganhar clientela”, afiançou.
Por oposição a uma “cozinha moderna” e “química”, a gastronomia mediterrânica apresenta-se como “mais natural e saudável” e evoca os sabores de antigamente, porque “se parece com a cozinha de sempre”.
“A cozinha mediterrânica é toda explícita. Não existe uma comida mediterrânica camuflada. Ela respeita os ingredientes”, as suas “texturas, aromas e sabores”, e isso “é um grande apelo”, considerou.
Já o historiador e diretor do Campo Arqueológico de Mértola, Cláudio Torres, lembrou que a gastronomia alentejana é fruto das “várias influências” culturais que, ao longo dos séculos, chegaram através do Mediterrâneo.
E, no século XXI, frisou, a sua mais-valia turística pode contribuir para salvar “um mundo agrícola que está em perigo” e ajudar a desenvolver regiões como o Alentejo.
“O turismo quer melhor qualidade e isso pode ser a chave de desenvolvimento para certas zonas do interior, onde se vai buscar a qualidade alimentar”, permitindo “recuperar um património agrícola que está a desaparecer”, afirmou.
RRL.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/Tudoben

