Espanha: Município espanhol homenageia tenente português de Barrancos pela ajuda a refugiados da guerra civil (

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barrancosUma mão estendida sob um monte de pedras forma o monumento inaugurado ontem numa localidade espanhola em homenagem ao tenente Seixas e ao povo de Barrancos pela ajuda humanitária que prestaram a refugiados da guerra civil espanhola.

A homenagem do município de Oliva de la Frontera surge 74 anos após o tenente António Augusto Seixas, oficial da antiga Guarda Fiscal portuguesa, e os barranquenhos terem acolhido, protegido e ajudado mais de mil refugiados, a maioria oriundos daquela localidade espanhola, que fugiam da repressão das tropas do general Franco.

Para Barrancos, a homenagem, “um ato de gratidão” do povo de Oliva de la Frontera para com os barranquenhos, representa “uma grande honra”, disse à Lusa o presidente do município alentejano, António Tereno.

“Vemos isto com muita satisfação e também alguma pena por ser tão tarde”, afirmou, sublinhando que “todos os obreiros dos atos generosos de 1936” é que “deveriam ter tido o reconhecimento” e não as gerações posteriores.

No entanto, frisou, a homenagem, “no fundo, é a gratidão que deve existir entre os povos e deve ser sempre expressa através de atos muitos bonitos” com o de hoje.

O monumento, algo que Oliva de la Frontera tinha “pendente”, “vem preencher um vazio” e é uma questão de “justiça”, frisou o presidente do município espanhol, Victor Morera Mainar, lembrando os “dias difíceis” dos refugiados estremenhos que “encontraram a ajuda e a proteção do tenente Seixas e dos barranquenhos”.

“Era de justiça que o povo de Oliva fizesse este reconhecimento e tivesse esta recordação dos vizinhos e amigos barranquenhos”, disse o autarca, que falava na cerimónia de inauguração do monumento, idealizado por José Luís Férnandez e criado por António Borrallo, um jovem de Oliva de la Frontera licenciado em Belas Artes.

Para o presidente da Junta da Extremadura, Guilhermo Vara, que presidiu à cerimónia, o apoio do povo de Barrancos e do tenente Seixas, que “salvaram a vida a 1100 estremenhos”, é “argumento suficiente” para que aquela região espanhola “nunca se canse de o recordar e valorizar”.

O tenente Seixas, enalteceu, “conseguiu mudar a história predeterminada” dos refugiados e “arriscou a sua vida pessoal e militar” para fazer “algo tão importante” como “salvar a vida” dos extremenhos, que, em setembro de 1936, escaparam à morte graças à ajuda do povo de Barrancos, que os acolheu em suas casas e em dois campos de refugiados naquele concelho raiano.

A homenagem de hoje é a segunda prestada ao povo de Barrancos, que, em setembro do ano passado, recebeu a Medalha da Extremadura, o galardão máximo desta região espanhola, como reconhecimento pela ajuda prestada aos refugiados extremenhos durante a guerra civil espanhola.

A atribuição da Medalha da Extremadura, pela primeira vez a estrangeiros, traduziu a “homenagem” e o “reconhecimento” ao povo de Barrancos reclamada pelo município de Oliva de la Frontera e por várias associações daquela região espanhola.

LL.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Tudoben

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